1.9 - A sensação de relevo e profundidade

Quando olhamos para um objecto real, temos a sensação de relevo e profundidade. A sensação de relevo e profundidade em fotografia é essencial para criar imagens mais realistas e tridimensionais, especialmente porque a fotografia é, por natureza, uma representação bidimensional (2D) de um mundo tridimensional (3D).

Comecemos por dividir e falar nos diferentes aspectos técnicos que contribuem para tal percepção:

1.  A Perspectiva ou Profundidade Linear

A perspectiva linear é um dos elementos mais importantes para criar profundidade. Ela baseia-se no princípio de que os objectos mais distantes parecem menores e as linhas paralelas convergem para um ponto de fuga.

·   Comum em retratos ou cenas simétricas são o ponto de fuga único que tem origem numa perspectiva frontal.

·  Usados em arquitectura e paisagens urbanas temos a existência de dois pontos de fuga porque temos uma perspectiva oblíqua.

·  Quando temos uma perspectiva aérea que adiciona dramaticidade, como sejam as fotos de edifícios de grande altura, os chamados arranha-céus, temos três pontos de fuga.

Dica técnica: O uso de lentes mais largas, de 24 mm – 35mm, para exagerar a perspectiva, ou teleobjectivas, de 85mm ou mais, para comprimir planos e reduzir a sensação de profundidade.

2.  A Composição

A composição ajuda a a guiar o olhar do espectador (fotografo) e torna a imagem mais envolvente. Vejamos alguns princípios:

·  A Regra dos Terços, dividindo a imagem numa grade 3x3 e posicione os elementos principais nos pontos de intersecção para o equilíbrio visual.

·   As Linhas Guias, usando elementos naturais, como estradas ou cercas, para levar o olhar do espectador até um ponto focal.

·  O Enquadramento, utilizando elementos do ambiente, como portas ou árvores, para criar uma moldura ao redor do objecto a fotografar.

·  A Simetria e a Assimetria, as composições simétricas podem transmitir estabilidade, enquanto as composições assimétricas criam dinamismo. 

3.  A Profundidade de Campo (DoF – Depth of Field)

O controlo da área nítida versus área desfocada, isto é, borrada, influencia directamente a percepção de profundidade.

·   A pouca profundidade de campo com aberturas grandes, ex.: f/1.4 – f/2.8, isola o assunto do fundo, criando um efeito 3D.

·    As grandes profundidades de campo onde se usam aberturas pequenas, ex.: f/8 – f/16, mantém tudo focado, e é comum ser usado em paisagens.

A profundidade de campo pode ser determinado pela distância focal, ou seja, a distância ao objecto a ser fotografado, com tamanho aceitável do círculo de confusão e a abertura. As limitações da profundidade de campo podem por vezes ser superadas com várias técnicas e equipamentos. A fórmula para que a profundidade de campo aproximada é a seguinte:

·        “c” – um dade circulo de confusão máximo aceitável;

·        “f/” – distância focal

·        “N” – número f/

·        “u” – a distância ao sujeito

A sua aplicação é utilizada em composições, posiciona-se elementos em primeiro plano para “enquadrar” o plano de fundo.

4.  A sobreposição e a oclusão

Os objectos que se sobrepõem criam uma hierarquia visual, reforçando a nação de profundidade de campo. A oclusão, isto é, quando um objecto esconde parcialmente outro, é um dos indicadores mais fortes de profundidade no cérebro humano.

É aplicado em composições, posicionam-se elementos em primeiro plano para “enquadrar” o plano de fundo.

5.  A Iluminação e o Sombreamento

claro-escuro (do italiano “chiaroscuro”) é uma técnica de pintura instituída no período renascentista do século XV. Nele, diferente de outras técnicas, como o sfumato, notamos uma maior distância entre as diferentes intensidades de luz presentes em uma imagem. Dessa forma, podemos pensar essa estratégia do chiaroscuro como um alto contraste.

·    A luz lateral acentua as texturas e o relevo, como os retratos de produtos ou os retratos dramáticos.

·    A luz frontal reduz as sombras, achatando a cena.

·  A luz de preenchimento controla o contraste para manter detalhes nas sombras.

Podemos sempre usar uma técnica avançada com o uso de gradientes de iluminação, como seja luz mais intensa no primeiro plano, que reforça a distância entre planos.

6.  A Atmosfera e a Perspectiva Aérea

Em paisagens, a dispersão de Rayleigh, ou seja, o espalhamento da luz, faz com que objectos distantes pareçam:

·     Os tons azuis ou acinzentados, os objectos são menos saturados.

·     As neblinas atmosféricas apresentam objectos menos saturados.

·     Devido á existência de partículas no ar, os objectos são menos nítidos.

Com o Photoshop, as técnicas pós-produção permitem usar gradientes de desfoque ou ajustar a saturação por planos que simula esse efeito.

7.  A Distorção e a Geometria

As lentes grandes-angulares, as de 10mm – 24mm, exageram a proximidade dos objectos no primeiro plano, enquanto as teleobjectivas, 70mm, comprimem os planos. A distorção de perspectiva pode ser corrigida pós-captura com ferramentas como Lightroom (Lens Correction) ou Photoshop (Transformação Persctival).

8.  A cor e a Profundidade Psicológica

As cores quentes, vermelho e laranja, parecem “avançar”, enquanto cores frias, azul e verde, parecem “recuar”. Esse efeito é usado em mapas de profundidade (depth maps) para pós-produção 3D.

9.  As técnicas Avançadas

·   HDR e Bracketing, captura múltiplas exposições para destacar detalhes em todas as zonas de profundidade.

·  Focus Stacking, combina várias fotos com focos diferentes para maximizar a nitidez em macro ou paisagens.

· Fotogrametria, usa múltiplas imagens para reconstruir modelos 3D com profundidade real.

10.  Conclusão

A sensação de relevo e profundidade é uma combinação de técnicas ópticas, lentes e aberturas, com a composição, perspectivas e sobreposição, e com o processamento, iluminação e cor. Dominar esses elementos permite criar imagens que “saltam” da tela ou imergem o espectador na cena.

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