Quando olhamos para um objecto real, temos a sensação de relevo e profundidade. A sensação de relevo e profundidade em fotografia é essencial para criar imagens mais realistas e tridimensionais, especialmente porque a fotografia é, por natureza, uma representação bidimensional (2D) de um mundo tridimensional (3D).
Comecemos por dividir e falar nos diferentes aspectos técnicos que contribuem para tal percepção:
1. A Perspectiva ou Profundidade Linear
A perspectiva
linear é um dos elementos mais importantes para criar profundidade. Ela
baseia-se no princípio de que os objectos mais distantes parecem menores e as
linhas paralelas convergem para um ponto de fuga.
· Comum em retratos ou cenas simétricas são o ponto
de fuga único que tem origem numa perspectiva frontal.
· Usados em arquitectura e paisagens urbanas temos a
existência de dois pontos de fuga porque temos uma perspectiva
oblíqua.
· Quando temos uma perspectiva aérea que adiciona
dramaticidade, como sejam as fotos de edifícios de grande altura, os chamados
arranha-céus, temos três pontos de fuga.
Dica técnica: O uso de lentes mais largas, de 24 mm – 35mm, para exagerar a perspectiva, ou teleobjectivas, de 85mm ou mais, para comprimir planos e reduzir a sensação de profundidade.
2. A Composição
A composição ajuda a a guiar o olhar do espectador (fotografo)
e torna a imagem mais envolvente. Vejamos alguns princípios:
· A Regra dos Terços, dividindo a imagem numa
grade 3x3 e posicione os elementos principais nos pontos de intersecção para o equilíbrio
visual.
· As Linhas Guias, usando elementos naturais, como estradas ou cercas, para levar o olhar do espectador até um ponto focal.
· O Enquadramento, utilizando elementos do ambiente, como portas ou árvores, para criar uma moldura ao redor do objecto a fotografar.
· A Simetria e a Assimetria, as composições simétricas podem transmitir estabilidade, enquanto as composições assimétricas criam dinamismo.
3. A Profundidade de Campo (DoF – Depth of Field)
O controlo da área nítida versus área desfocada, isto
é, borrada, influencia directamente a percepção de profundidade.
· A pouca profundidade de campo com aberturas grandes,
ex.: f/1.4 – f/2.8, isola o assunto do fundo, criando um efeito 3D.
· As grandes profundidades de campo onde se usam
aberturas pequenas, ex.: f/8 – f/16, mantém tudo focado, e é comum ser usado em
paisagens.
A profundidade de campo pode ser determinado pela distância
focal, ou seja, a distância ao objecto a ser fotografado, com tamanho
aceitável do círculo de confusão e a abertura. As limitações da
profundidade de campo podem por vezes ser superadas com várias técnicas e
equipamentos. A fórmula para que a profundidade de campo aproximada é a
seguinte:
·
“c” – um dade circulo de confusão máximo aceitável;
·
“f/” – distância focal
·
“N” – número f/
·
“u” – a distância ao sujeito
A sua aplicação é utilizada em composições,
posiciona-se elementos em primeiro plano para “enquadrar” o plano de fundo.
4. A sobreposição e a oclusão
Os objectos que
se sobrepõem criam uma hierarquia visual, reforçando a nação de profundidade de
campo. A oclusão, isto é, quando um objecto esconde parcialmente outro,
é um dos indicadores mais fortes de profundidade no cérebro humano.
É aplicado em
composições, posicionam-se elementos em primeiro plano para “enquadrar” o plano
de fundo.
5. A Iluminação e o Sombreamento
O claro-escuro (do
italiano “chiaroscuro”)
é uma técnica de pintura instituída no período renascentista do século XV.
Nele, diferente de outras técnicas, como o sfumato,
notamos uma maior distância entre as diferentes intensidades de luz presentes
em uma imagem. Dessa forma, podemos pensar essa estratégia do chiaroscuro como um alto contraste.
· A luz lateral acentua as texturas e o relevo, como os retratos de produtos ou os retratos dramáticos.
· A luz frontal reduz as sombras, achatando a cena.
· A luz de preenchimento controla o contraste para manter detalhes nas sombras.
Podemos sempre usar uma técnica avançada com o
uso de gradientes de iluminação, como seja luz mais intensa no primeiro
plano, que reforça a distância entre planos.
6. A Atmosfera e a Perspectiva Aérea
Em paisagens, a dispersão de Rayleigh, ou seja, o
espalhamento da luz, faz com que objectos distantes pareçam:
· Os tons azuis ou acinzentados, os objectos são menos saturados.
· As neblinas atmosféricas apresentam objectos menos saturados.
· Devido á existência de partículas no ar, os objectos são menos nítidos.
Com o Photoshop, as técnicas pós-produção permitem
usar gradientes de desfoque ou ajustar a saturação por planos que simula esse
efeito.
7. A Distorção e a Geometria
As lentes grandes-angulares, as de 10mm – 24mm,
exageram a proximidade dos objectos no primeiro plano, enquanto as
teleobjectivas, 70mm, comprimem os planos. A distorção de perspectiva pode ser
corrigida pós-captura com ferramentas como Lightroom (Lens Correction) ou
Photoshop (Transformação Persctival).
8. A cor e a Profundidade Psicológica
As cores quentes, vermelho e laranja, parecem
“avançar”, enquanto cores frias, azul e verde, parecem “recuar”. Esse efeito é
usado em mapas de profundidade (depth maps) para pós-produção 3D.
9. As técnicas Avançadas
· HDR e Bracketing, captura múltiplas exposições para destacar detalhes em todas as zonas de profundidade.
· Focus Stacking, combina várias fotos com focos diferentes para maximizar a nitidez em macro ou paisagens.
· Fotogrametria, usa múltiplas imagens para reconstruir modelos 3D com profundidade real.
10. Conclusão
A sensação de relevo e profundidade é uma combinação de técnicas ópticas, lentes e aberturas, com a composição, perspectivas e sobreposição, e com o processamento, iluminação e cor. Dominar esses elementos permite criar imagens que “saltam” da tela ou imergem o espectador na cena.
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